O Realismo Estrutural de Kenneth N. Waltz

Ficha de estudos sobre o livro Guia de Estudos das Abordagens Realista e da Balança de Poder de Eugenio Diniz – Teoria das Relações Internacionais B – Prof. Marco Aurélio Chaves Cepik

– Waltz: realista estrutural (ou neorealista defensivo) de terceira imagem que construiu uma teoria mais científica das relações internacionais, recorrendo inclusive a tradições sociológicas.

SISTEMAS, ESTRUTURAS E UNIDADES

  • O sistema é constituído de estrutura e de unidades em interação.
  • A teoria sistêmica proposta por Waltz  não analisa as características individuais de cada unidade que interage dentro do sistema, mas sim os efeitos resultantes dessa interação – efeitos estruturais.
  • Como a teoria sistêmica não se preocupa com as causas das interações, mas com os resultados dessas, Waltz define estrutura a partir de 3 aspectos:
  1. Ordenação: uma estrutura pode ser ordenada por subordinação (quando há uma unidade superior às demais e que, de alguma forma, orienta a ordenação), onde teremos um sistema hierárquico; e, por outro lado, pode ser ordenada por coordenação (quando não há nenhuma unidade sobrepujante e a ordem é resultado exclusivamente do ser e do querer-ser de cada unidade em interação), o que leva a um sistema anárquico.
  2. Especificação das funções das unidades: conforme o grau de diferenciação das unidades que interagem no sistema, podemos classificá-las, segundo Waltz, como, por exemplo, em unidades altamente diferenciadas (que realizam o mínimo de tarefas, tornando-se especializadas nisso), onde teremos, logo, uma estrutura com sistema diferenciado; ou então, unidades pouco especializadas (que realizam várias atividades simultaneamente), tornando o sistema concentrador ou pouco diferenciado.
  3. Distribuição de recursos entre as unidades: as unidades em interação no sistema disputam pela apropriação de capacidades, ou indiretamente, pelas possíveis vantagens que seria obtidas por essas capacidades, apontadas por Waltz como recursos sistêmicos, quais sejam: extensão territorial e populacional, recursos naturais, capacidade econômica, força militar, estabilidade política e competência. Em sistemas hierárquicos a competição por recursos sistêmico é controlada pela unidade-mor; em sistemas anárquicos, a disputa torna-se o fator delimitador do próprio sistema, já que a própria competição por recursos sistêmicos justifica o comportamento das unidades em interação e suas aspirações.
  • Eugenio Diniz destaca ainda que na distribuição dos recursos sistêmicos devem ser ignoradas as dimensões com relação às discrepâncias entre os países, pois não é de interesse da teoria estruturalista de Waltz a análise das atribuições individuais, mas sim as características semelhantes dentro da estrutura que refletem na dinâmica do sistema.

O SISTEMA INTERNACIONAL

  • Não há qualquer autoridade superior às unidades do sistema, que são os Estados para Waltz.
  • O sistema é anárquico em política internacional.
  • A ordem é produzida a partir das interações entre as unidades independentemente da vontade de cada uma delas em particular.
  • Cada unidade só pode contar consigo mesma: auto-ajuda.
  • Cada Estado luta pela sua própria sobrevivência no sistema internacional, pois como o sistema é anárquico, as unidades dependem da auto-ajuda.
  • Os Estados, como unidades constitutivas da estrutura, são os principais atores internacionais, pois só eles conferem aos demais os caminhos e a base para que haja fluidez no sistema.
  • Assimetria de ganhos relativos: quando algumas unidades obtem mais ganhos absolutos que outras, o que consequentemente vai afetar negativamente os demais cooperadores do sistema.
  • Em sistemas hierárquicos as unidades preferem a especialização e a cooperação para maximizar seus ganhos. Quem não consegue se especializar será prejudicado na distribuição de recursos e quando todos estão engajados pela cooperação há um aumento da disponibilidade sistêmica dos recursos.
  • Em sistemas anárquicos o que prevalece é a auto-ajuda, já que cada unidade só pode contar com ela mesma. Ganhos relativos assimétricos oriundos de cooperação podem ser prejudiciais na distribuição de recursos e diminuir a capacidade de constranger de alguma unidade de interação. A cooperação, portanto, é mínima e o que impera é a constante tentativa de maximar ganhos relativos (pela maior participação na distribuição dos recursos) evitando, assim, ser prejudicado no sistema (mesmo com menores ganhos absolutos).
  • A maneira de diferenciar sistemas de política internacional entre si é através da distribuição de capacidades no seu interior, ou seja, pelo número de grandes potências e não pelo número total de unidades. (WALTZ, 1979, p. 129-132)
  • Alterações nas características das unidades do sistema não produzem uma mudança significativa em política internacional, pois os efeitos estruturais são os mesmos. Só alteram quando são capazes de provocar uma redistribuição das capacidades no sistema, qual seja, uma alteração estrutural.

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