Texto do livro “Introducción a la Historia Contemporánea 1770-1918” de José U. Martínez Carrera
Segunda metade do século XIX > Europa dividida
Europa Ocidental
- Liberalismo
- Grã-Bretanha, França, Espanha, Portugal + Novos Estados: Bélgica e Itália
Europa Central e Oriental
- Monarquias Tradicionais
- Áustria-Hungria, Rússia, Turquia
Década de 70: Alemanha Imperial > Bismarck < influência dos dois modelos
1. O IMPÉRIO AUSTRO-HÚNGARO
– grande potência européia que emergiu após o Congresso de Viena (1815)
– imensos territórios e povos com o coração em Áustria
– manteve-se praticamente intacto durante as Revoluções de 1830 e 48.
– Problemas Externos: hostilidades com a Rússia (Leste) e com o Império Turco (Bálcãs)
– Problemas Internos: heterogeneidade dos povos da Europa Central (nacionalidades) e rivalidade com a Prússia.
Apêndice 1 – Os Povos e as Nacionalidades
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os vários povos do Imp. Austríaco formavam diversas nacionalidades dentro da estrutura imperial-estatal.
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GERMANOS: predominantes (alemães e austríacos)
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MAGIARES: mais unidos e diferenciados, queriam a formação de uma nação húngara independente.
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ESLAVOS: fragmentados: Sul, tchecos da Boêmia, polacos da Galícia e eslovacos; Norte, eslovenos, croatas, sérvios, dálmatas.
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ROMANOS: região da Transilvânia.
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ITALIANOS: latinos e católicos, ao sul do império na região de Trento e Triste.
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aos poucos os povos foram adquirindo certa autonomia interna através das aspirações nacionalistas. Exemplo: 1867, a consolidação da monarquia dual, sendo a Hungria uma coroa com administração própria.
– crescimento econômico: Áustria torna-se uma potência econômico-industrial.
– desenvolvimento das ferrovias que ligavam a Europa Central e Ocidental à Europa Mediterrânea e Oriental.
– abolição da servidão > êxodo rural > para países industrializados e América
– aumento populacional: devido à paz interna, melhoras no saneamento e alimentação.
– crescimento da burguesia e classes médias, trabalhadores individuais e urbanos.
– desenvolvimento industrial (1860-70)
*produção de ferro (Morávia-Silésia)
*metalurgia e siderurgia (Estíria)
*porcelana e vidro (Boêmia)
*indústria têxtil (Boêmia e Morávia)
– início do século XX: Áustria era a quarta potência econômica industrial da Europa.
– sistema conservador-autoritário de equilíbrio, baseado na afirmação de uma monarquia dual (para resolver a questão das nacionalidades) + tradição, exército e Igreja Católica.
– após 1867, Áustria-Hungria vive um período de paz interior, graças ao desenvolvimento econômico propiciado pelo progresso da burguesia no império e por discretas reformas políticas do tipo liberais, principalmente em Áustria.
– no campo das Relações Internacionais (de 1867 a 1914), amizade cada vez mais consolidada através de alianças e acordos com Alemanha e uma rivalidade acentuada com Rússia na questão dos Bálcãs.
“En el campo de las relaciones internacionales, el Imperio de Austria-Hungría estaba sujeto a una diplomacia limitada tanto en el aspecto financeiro como administrativo […] tanto por cuestiones internas como por necesidades externas, se halló dominada por la iniciativa diplomática de Alemania.”(CARRERAS)
2. O IMPÉRIO RUSSO
– Segundo maior império europeu que emerge durante a segunda metade do século XIX através de uma política expansionista.
– império pluriterritorial e multinacional.
- Países Russos Propriamente Ditos: Rússia, Ucrânia e Rússia Branca.
- Territórios Incorporados na Europa Báltica e Central: Estônia, Letônia, Lituânia, Finlândia e Polônia.
- Territórios Sulistas disputados com a Turquia: zona do Mar Negro, da “Besarabia” e Criméia ao Cáucaso.
- Ásia Setentrional: Sibéria.
– Nacionalidades:
- eslavos e ortodoxos (maioria)
- russos, ucranianos e russos brancos (Rússia Ocidental e colonizadores da Sibéria)
- povos não-eslavos nem ortodoxos (poloneses, por exemplo)
- católicos (minoria)
- finlandeses (protestantes)
- turcos
- muçulmanos
- povos asiáticos (mongóis, iranianos, caucasianos, budistas)
- judeus
- germânicos
– Linhas geopolíticas de incorporação de territórios:
- As Ventanas da Rússia: frente ocidental do Báltico ao Mar Negro (incorporação de Finlândia, Polônia e Países Bálticos), ocasionando rivalidades com Áustria e Turquia.
- Territórios entre os mares Negro e Cáspio: incorporação de Cubão (?), Daguestão, Geórgia e norte da Armênia para construção de ferrovias transcaucasianas.
- Ásia Central e Turquistão: Tachkent, Samarcanda e Merv, também para a construção de ferrovias.
- Ásia Setentrional e Sibéria rumo ao Oriente Médio e Pacífico: construção da ambiciosa ferrovia transiberiana (1892-1904). Cessão do Alaska em 1867 para os Estados Unidos.
– Dificuldades do imenso império Russo:
- insuficiente acumulação de capital diante de uma sociedade ainda arcaica (essencialmente agrária e quase feudal) e de um incipiente (e também insuficiente) mercado nacional.
- atraso econômico pelo tardio desenvolvimento da infra-estrutura (ferrovias e demais investimentos em transportes) e da rede bancária.
- sociedade muito polarizada entre uma oligarquia aristocrática (minoritária e dominante) e uma grande massa rural e ainda servil (miserável e analfabeta)
- até a metade do século XIX, o setor metalúrgico (Ural e São Petersburgo) era ainda muito primitivo enquanto que o setor têxtil (Moscou e Volga) era um pouco mais emergente.
- a partir da segunda metade do século XIX a economia russa começa a expandir-se, porém se verificam desajustes entre o ritmo de crescimento industrial e o agrícola.
– Principais modificações no cenário de expansão da economia russa depois de 1860 aproximadamente:
- crescimento populacional (chegando a 100 milhões de habitantes)
- avanço industrial
- incremento das redes de transporte e comunicações
- constituição de um mercado consumidor interno (com a abolição da servidão)
- investimentos estrangeiros na economia.
- formação de uma elite cultural – intelligentsia
– Política no Império Russo: caracterizada pelo domínio da Dinastia Romanov no século XIX.
- Nicolau I (1825-1855): introdução do liberalismo e repressão das contestações oriundas da Primavera dos Povos.
- Alexandre II (1855-1881): reformista, em primeiro momento; depois, centralizador.
- Alexandre III (1881-1894): reforço da autoridade e centralização, ultraconservador.
- Nicolau II (1894-1917): tentou manter a política conservadora do seu antecessor, porém diante das tensões oriundas da derroba russa nas guerras contra o Japão e das mudanças sociais da virada do século (surgimento de uma classe burguesa forte, fortalecimento da esquerda, descontentamento das classes inferiores, etc) foi incapaz de levar a dinastia adiante – Revolução Soviética.
3. O IMPÉRIO TURCO OTOMANO
– Império asiático-muçulmano influente sobre a região balcânica e de velhas estruturas absolutistas e despóticas como o Austro-Húngaro e o Russo.
– As bases geohistóricas do conflito euro-oriental estão situadas em três importantes pontos com imprescindível compreensão no século XIX até a Primeira Guerra Mundial:
- Situação Interna do Império Turco: imenso império situado em três continentes, tendo o Mediterrâneo Oriental como centro – Ásia Ocidental, África do Norte e Europa Oriental. Além da questão da extensão territorial, podemos apontar o atraso das instituições em relação às demais potências européias, disputas internas por questões religiosas, exército fraco e mal preparado além de má administração.
- Ação dos Povos e Nacionalidades Balcânicas: a grande diversidade cultural possibilitou a configuração de movimentos emancipacionistas visando à criação de novos Estados: gregos, croatas, sérvios, húngaros, romanos e búlgaros, por exemplo.
- Intervenção Exterior por Parte das Potências Européias: por ser uma zona estratégica, as nações européias preocupavam-se em influenciar os Estados que iam surgindo do gradativo desmembramento do Império Turco-Otomano.
- Áustria: interessada na saída pelo Mar Adriático.
- Rússia: procura anexar territórios do centro e oriente do Império a fim de influenciar as populações eslavas da região.
- Inglaterra e França: procuram apoiar a Turquia para que o Império não se fragmente, temorosos do avanço russo e preocupados com o Mediterrâneo e Canal de Suez.
– A partir dessas bases se desencadeiam todos os problemas conhecidos como Questão do Oriente, que vão desafiar as relações internacionais durante todo século XIX (incluindo aí a Independência da Grécia e a Guerra da Criméia) culminando, mais tarde, nos conflitos causadores da Primeira Guerra Mundial.